Conheça Serginho Rezende, responsável pela banda do ‘Só Toca Top’
No seu estúdio Comando S, o produtor musical é responsável pela produção das músicas do programa
Desde julho, o programa Só Toca Top, sob o comando de Fernanda Souza e Luan Santana, tem empolgado o público. Lá, os artistas com maior relevância nacional e aqueles que são as apostas (bem das certeiras), se apresentam no palco, acompanhados da banda do programa. Por trás da parte musical, na direção musical dos instrumentistas e produção dos arranjos está o baiano Serginho Rezende. “Quando fui convidado, sabia que tinha de encontrar a banda perfeita e com músicos mais versáteis – que conseguissem migrar do sertanejo para o funk, rap e pop”, conta.
Na escalação estão Ricardo Prado (acordeão, violão e teclado), Nathalie Alvim (backing vocal), Tibless (backing vocal), Magno Vito (baixista), Lucas Rezende (baterista), Michele Cordeiro (guitarra, violão e cavaquinho), Michelle Abu (percussionista) e Tiago Occilupo (tecladista e também na produção). “Vira e mexe, as estrelas que passam lá querem roubar um deles da gente”, diverte-se.
OS BASTIDORES DO PROGRAMA
Toda quarta-feira, a turma recebe as músicas que vão entrar no roteiro do programa. “Estudo como são as faixas ao vivo, como os artistas apresentam e em seguida, trabalhamos os arranjos com a banda”, conta. A gravação é feita na segunda-feira, na TV Globo, em São Paulo. “Eles enviam o material musical bruto para a gente e de terça a quinta, editamos as canções, corrigimos, aumentamos o volume e na sexta-feira, entra no ar no Multishow”, explica.
Para ele, o programa traz desafios. “Tenho ouvido sons que não estavam no meu radar e fiquei impressionado de ver como os novos artistas emocionam”, diz. Segundo ele, Vitor Kley, dono do hit O Sol, que participou do piloto, é um dos que chamou atenção. “Ele consegue transmitir a leveza da música para o ambiente e foi muito bonito o momento”, conta. Outro nome, já consagrado que na opinião dele movimentou a plateia, foi a Joelma. “Ela foi tão criticada e de repente, leva uma energia… tem muito talento”, conta. Outras descobertas estão os meninos do funk, como Kekel. “Um bom artista é aquele que desperta emoções e essas pode até ser raiva. Não tem que agradar todo mundo mesmo”, diz.
ENTRE A ENGENHARIA E A MÚSICA
Nascido no interior da Bahia, numa cidadezinha chamada Amargorosa, foi para Salvador aos 17 anos estudar engenharia. Dividia o tempo entre a faculdade e a música, especialmente percussão. A mudança de interesse veio de vez quando foi indicado a um prêmio na Bahia como um dos melhores instrumentistas. “Fiz o cálculo: eu dedicava 90% do meu tempo aos estudos de engenharia e 10% para a música. Fui colocado como um dos melhores músicos, mas eu duvido que seria indicado como um engenheiro de destaque. Passei a me dedicar mais à música”, lembra.
Na empreitada, fez cursos de engenharia de som, produção musical, aprendeu a mexer com softwares, se dedicou a muitos outros instrumentos. Decidiu que queria compor e assim, buscou nas livrarias, os mais diferentes livros de poesia. “Eu sabia mexer com números, não com as letras, e queria aprender.”
Durante os dois primeiros anos em São Paulo, a gravadora bancou ele e outros sete integrantes da banda de reggae-pop Nadegueto, com a condição de gravar discos, fazer shows e participar de programas de TV. No entanto, era os anos 90 e o pagode dominava as paradas. “E se a gente falasse que era da Bahia, já nos classificavam como axé. “, afirma.
Em uma das apresentações, por exemplo, chegaram a ser vaiados. “Abrimos para o Negritude e estavam atrasados, quando entramos com reggae, jogaram latinhas na gente”, diverte-se. “Foi bom para criar casca”, explica. Não que eles precisassem: ele conta que tocava com a Margareth Menezes; o baixista estava no Olodum; o tecladista no Araketu; e o saxofonista, na Banda Beijo. Logo, todo mundo com muita experiência.
ESTÚDIO PRÓPRIO NA LAPA
Com os estudos, acabou conhecendo Luciano Kurban, que o levou ao Voicez Studio e por lá, se dedicou às trilhas de propaganda. Entre os destaques estavam o comercial da Pepsi, com o duelo do Guga e Denílson. Além disso, conheceu o diretor Fernando Meirelles, com quem trabalhou no piloto de um curta que deu origem ao Palace II.
Há quinze anos, Serginho mantém numa casa na Lapa o seu estúdio próprio, Comando S, atualmente com 27 funcionários e nove salas técnicas. “Fiquei sete anos na Voicez e achei que precisava mudar e desenvolver outras habilidades e voltar um pouco mais para a música”, conta. Lá, não largou a mão das trilhas dos comerciais. Já com um ano de empresa, ganhou destaque com o som da propaganda do carro Tiida, da Nissan, batizada de Não Tem Cara de Tiozão.
SUCESSO NA GLOBO
Foi nesse embalo que participou da trilha do Criança Esperança da Rede Globo e depois produziu os arranjos da campanha de fim de ano da emissora. “É um clássico! A gente precisa impressionar sempre e toda vez que terminamos, o pensamento é o mesmo: e agora, como superar?”
O programa Só Toca Top é um dos projetos queridos e a agenda está cheia. “Era para terminar agora em outubro, foi estendido até dezembro e deve voltar no ano que vem, já em março”, diz.