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A indústria dos Ovnis

Não é de hoje que a humanidade busca no céu sinais de seres inteligentes. No século XX, surgiram os relatos sobre ¿objetos voadores não identificados¿. Mas, até agora, não apareceu um único indício plausível de que a Terra já tenha sido visitada por extraterrestres.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h38 - Publicado em 30 abr 1997, 22h00

Joe Nickell

Os primeiros relatos de estranhos objetos pairando entre as nuvens remontam à Antiguidade. Já houve a época das carroças e dos navios voadores. Mais tarde a moda foram os “homenzinhos verdes” – marcianos ou venusianos. As naves possuíam hélices e asas. No início do século, em Paris, um concurso chegou a oferecer 100 000 francos para quem provasse que mantinha contato com seres extraterrestres. Marcianos não valiam. Eram considerados fáceis demais. Naquela época, ninguém saía por aí dizendo que viu um ET marrom, roxo ou amarelo. Ou eram verdes, ou não eram ETs. Hoje, tudo mudou. Ufólogos aceitam ETs de todas as cores, procedentes de qualquer parte do Universo, menos de Marte ou Vênus, onde o máximo de vida que ainda pode se esperar são microscópicas bactérias. Já imaginou o que seriam dos ETs se eles não seguissem a moda terrestre e continuassem a aparecer, todos de verde, viajando em caravelas celestiais? Felizmente, eles se mantiveram em dia com as novidades da nossa ciência e tecnologia. Caso contrário, o público provavelmente deixaria de acreditar em discos voadores.

Ezequiel e suas carroças voadoras

O Velho Testamento registra uma cena espetacular, que hoje seria interpretada pelos ufólogos como um típico caso de aparição de um Ovni (objeto voador não-identificado). O profeta Ezequiel descreve uma carroça com rodas de fogo que desceu dos céus até ele. Esta visão foi amplamente difundida pelo escritor Erich von Däniken em seu livro Eram os Deuses Astronautas? como uma prova irrefutável de que a Terra tem sido visitada por alienígenas desde tempos remotos (Veja quadro na pág. 50). À luz do conhecimento científico atual, é fácil deduzir que Ezequiel teve uma ilusão de ótica causada pelo reflexo da luz do sol em cristais de água na atmosfera.

Na Idade Média, quando se incendiavam pessoas por qualquer motivo, várias mulheres foram mortas por terem visões estranhas. É claro que, na época da Inquisição, ninguém dizia ter contatos com seres extra-terrestres. Acreditava-se em duendes, fadas e demônios. Os ETs ainda não tinham sido inventados. Naves espaciais tripuladas por alienígenas só despontaram no imaginário coletivo no fim do século passado. Foi naquela época que surgiram, nos Estados Unidos, os relatos sobre estranhos objetos voadores, em geral dotados de asas e hélices. Claro, na época ainda não havia aviões. Existia, isto sim, um crescente interesse pelo tema das “máquinas voadoras”. Era uma época de avanços prodigiosos na tecnologia dos balões e dos dirigíveis, como o famoso Zepelin. A invenção de um aparelho voador mais pesado do que o ar já era tida como iminente. Em outras palavras, a expectativa de ver aeronaves nos céus americanos favorecia que as pessoas realmente as “vissem”.

Pires que voam

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A era moderna dos Ovnis se inaugurou no dia 24 de junho de 1947, quando o empresário Kenneth Arnold, pilotando seu avião particular sobre as montanhas do Estado de Washington, avistou o que descreveu como nove objetos em formato de pires, voando em formação militar. Das duas uma: ou Arnold deu de cara com uma esquadrilha da Força Aérea ou teve uma miragem. O fato é que, a partir desse relato, o fenômeno dos discos voadores alçou vôo. Mais uma vez a realidade seguiu os passos da imaginação. Revistas populares de ficção científica, como a famosa Amazing Stories, vinham publicando, havia alguns anos, histórias sobre visitantes extraterrestres. As capas estampavam curiosas naves em formato circular. Desde então, não se passa um dia sem que alguém, em algum lugar do mundo, conte um caso de discos voadores. Quando esses depoimentos são adequadamente investigados, as “espaçonaves” quase sempre se revelam balões meteorológicos, aviões, meteoros, pára-quedas, nuvens ou alucinações. Tudo, menos ETs. Quanto às fotografias de “Ovnis”, elas geralmente se explicam por efeitos luminosos, ilusão de ótica ou fraude deliberada (veja quadro acima).

De acordo com o Dr. Allen Hynek (1910-1986), astrônomo encarregado do Programa de Pesquisas sobre Ovnis da Força Aérea dos Estados Unidos, um investigador experimentado, acaba por reconhecer a maioria desses eventos tais como eles realmente são: meteoros, imagens de aeronaves pousando com as luzes acesas, balões, planetas, estrelas brilhando muito forte, luzes de aviso em estradas, reentradas de espaçonaves na atmosfera e assim por diante. “Quando se descobre o quanto o público leigo está pouco familiarizado com luzes durante a noite, compreendemos por que tantos Ovnis são relatados e por que essa incidência tem aumentado”, escreveu Hynek.

As ocorrências mais comuns são as que envolvem balões. Esses objetos podem registrar altas temperaturas e, sob o impulso de fortes correntes de ar, atingir velocidades de mais de 200 quilômetros por hora. Podem até mudar de formato e cor, de acordo com o reflexo das luzes do sol na cobertura de plástico. Um balão pode parecer branco num momento e, no outro, ser percebido como metálico, ganhando logo em seguida uma coloração vermelha. Na realidade, é tão comum que balões sejam reportados como Ovnis que, quando eles se perdem dos radares, costumam ser rastreados com base em depoimentos de pessoas que se apresentam para dizer que viram discos voadores.

Os incríveis camaleões dos céus

Muitos ufólogos admitem que a maior parte dos objetos relatados como Ovnis podem ser descartados como enganos ou fraudes. A polêmica se concentra sobre um pequeno resíduo, algo como 2% de casos insolúveis. As pessoas que acreditam em discos voadores encaram esses casos sem explicação como provas da existência de Ovnis e de visitas extraterrestres. Elas simplesmente não conseguem explicar as ocorrências de outra maneira. Os cientistas se recusam a acreditar em ETs até que apareçam provas realmente convincentes.

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Por trás dessa briga está o eterno conflito entre o método científico e as pseudociências. Toda vez que os cientistas anunciam uma nova descoberta, as crendices são obrigadas a empreender um recuo tático, como forma de sobrevivência. No século passado acreditava-se piamente em marcianos e venusianos. A maioria dos relatos versava sobre seres pequeninos, de cabeça grande e cor esverdeada. Na segunda metade do século 20, quando se descobriu que Vênus possui uma temperatura incompatível com a vida e que Marte é um deserto escaldante, os ufólogos se sentiram na obrigação de duvidar dos relatos de pessoas que diziam receber visitas de planetas vizinhos. A crença em alienígenas teve que ser empurrada para os confins do Universo.

Evidentemente, existem casos que resistem às explicações. Qual é a diferença entre a atitude dos cientistas e a dos ufólogos nessas ocasiões? Os ufólogos partem da premissa de que, se não existe explicação para um fenômeno estranho, isto é sinal da presença de algum ET. Já os cientistas acham que isso é insuficiente como prova. Os mistérios de hoje podem ser facilmente explicados amanhã, ponderam. Os ufólogos não têm dado muita sorte até agora. Toda vez que vem a público uma suposta “prova” da visita de Ovnis, ela vira fumaça imediatamente, desmascarada como um fenômeno natural, um objeto comum ou, o que é pior, uma fraude.

Ovnis assassinos

No dia 7 de janeiro de 1948, quando o piloto americano Thomas Mantell morreu num acidente atribuído a uma colisão aérea com um Ovni, ninguém foi capaz de identificar a estranha “coisa” que Mantell estaria perseguindo. Observadores descreveram o objeto como semelhante a um pára-quedas, enquanto outros juravam que o aparato parecia “um sorvete de casquinha com a parte superior pintada de vermelho”. Uma testemunha definiu o suposto Ovni como “uma enorme estrutura metálica”. A Marinha dos Estados Unidos logo descartou que o desastre tivesse sido causado por uma nave alienígena. Décadas depois, quando informações que eram mantidas como segredo militar se tornaram públicas, soube-se que o tal Ovni não passava de um gigantesco balão de pesquisa. O capitão Mantell tinha voado alto demais ao perseguir o balão. Sofreu um desmaio devido à falta de oxigênio, o que provocou a queda do avião. A verdade foi escondida por causa dos soviéticos, do mesmo modo que, seis meses antes, os militares americanos permitiram que se criasse um clima de histeria em torno do chamado “caso Roswell” (veja quadro acima), no qual, supostamente, três alienígenas haviam sido capturados pelo exército americano. Embora perfeitamente lógica no contexto da Guerra Fria, quando a União Soviética e os Estados Unidos se espionavam mutuamente, a explicação do acidente não convenceu os ufólogos. Eles insistem que o avião de Mantell foi abatido por uma espaçonave alienígena. Crenças em acidentes de naves espaciais e preservação de humanóides foi disseminado por uma série de fraudes, incluindo o chamado relatório “MJ-12”, de 1980. Esse documento apontava a existência de um complô, denominado Majestic 12, autorizado pelo próprio presidente americano Harry Truman (1884-1972), com o objetivo de encobrir o suposto acidente com os ETs. O tal documento logo se revelou uma grosseira fraude. Mesmo assim, alguns ufólogos ainda são enganados por ele. Outra fraude ligada ao Caso Roswell foi o escatológico filme que mostrava a “autópsia de um extraterrestre”. O filme foi exibido amplamente na televisão americana e em todo o mundo, mas logo ficou provado que ele não passava de um engodo.

Socorro! Tem um ET atrás de mim!

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Quem mais ajuda a difundir a crença em discos voadores não são os ufólogos, com suas versões muitas vezes bem intencionadas sobre visitas de alienígenas e seqüestros de humanos. O que mais contribui para manter acesa a imaginação das pessoas propensas a acreditar em ETs são filmes. Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), ET (1982) e Independence Day (1996) foram imediatamente seguidos, logo depois de seus lançamentos, pelo aumento dos relatos sobre aparições de discos voadores e “alienígenas”. Um filme que causou especial alvoroço foi The UFO Incident (1975), baseado num suposto seqüestro de um casal por ETs em 1961 – o famoso caso Betty and Barney Hill. Esse caso, de grande repercussão na imprensa sensacionalista, induziu milhares de americanos a se apresentarem dizendo que também foram seqüestrados por seres alienígenas de outros planetas.

Em todos essses casos, não se encontrou uma única gota de verdade. Isso não quer dizer que todos os que relataram experiências com ETs sejam mentirosos ou vigaristas. Suas versões podem ser explicadas como alucinações. Numa situação típica, a pessoa acabou de se deitar ou é acordada no meio da noite pela visão de seres extraterrestres invadindo seus quartos. De repente, os vultos se dirigem para a escuridão e desaparecem, sem serem vistos por mais ninguém – nem mesmo pelos vizinhos. As supostas naves pousam e decolam sem aparecer na tela dos radares ou chamar a atenção dos guarda-noturnos. O diagnóstico dos psicólogos é simples: trata-se, segundo eles, de um processo fantasioso que ocorre quando o indivíduo não está totalmente desperto do sono. A fantasia se mescla com a realidade, causando alucinações. No início, essas pessoas têm apenas a sensação de um sonho vívido. Influenciadas pelas histórias sobre discos voadores na televisão e na imprensa, chegam à conclusão de que passaram, na vida real, por experiências que só aconteceram no mundo dos sonhos. O próximo passo é buscar ajuda de hipnotizadores, que os ajudam a reconstituir, em detalhes, todas as peripécias do “seqüestro”.

Hipnose fantasiosa

Apesar da crença popular sobre a hipnose como um meio confiável de devolver a memória perdida, ela é, quase sempre, um convite à fantasia. Muitas das lembranças que aparecem durante a hipnose não passam de memórias criadas no próprio inconsciente. Depois de várias sessões de hipnose, os “seqüestrados” costumam ficar confusos sobre o que é verdade e o que é fantasia. Os psiquiatras e psicólogos que promovem a crença em seqüestros extraterrestres – como o Dr. John Mack, autor do livro Abduction: Human Encounters with Aliens (1994) – esquecem ou omitem evidências comprovando que muitos dos supostos “seqüestrados” apresentam fortes propensões a confundir fantasia com realidade. E não são poucos. Pelo menos 5% do público geral têm propensões a crises fantasiosas. Um estudo dos 13 casos mais famosos do Dr. Mack demonstram que seus pacientes possuem muitos destes traços.

Não tenho dúvidas de que há uma forte possibilidade de existir vida – e seres inteligentes – em outras partes do Universo além da Terra. Infelizmente, até agora ufólogos e investigadores sérios têm falhado em demonstrar qualquer tipo de evidência material consistente que indique a visita de alienígenas na Terra. Até que isto ocorra, os chamados ufólogos continuarão sendo vítimas das fraudes e do folclore popular.

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* Joe Nickell é um pesquisador do Comitê para a Investigação Científica de Alegações Paranormais (CSICOP), dos EUA, e editor da revista Skeptical Inquirer. Já escreveu e editou dezesseis livros sobre o assunto em vinte anos de investigação sobre fenômenos paranormais e supostas visitas de alienígenas.

Faça você mesmo um disco-voador

Como fraudar uma imagem de Ovni usando truques fotográficos e raios laser

Luas alinhadas

A foto sugere uma formação de naves alienígenas sobrevoando a Terra. Nada disso. As luzes amarelas são apenas a Lua, fotografada em quatro ângulos diferentes. Trata-se de um truque fácil. Aponte sua câmera para uma montanha, numa noite de lua cheia. Coloque a máquina fotográfica na velocidade B e trave o botão de disparo. A cada 10 segundos, tampe a lente com as mãos e mude a máquina de lugar. Espere mais 10 segundos e mude novamente a posição da câmera. Pronto! Você acaba de criar um esquadrão de Ovnis.

Raios laser

Esta é uma fotomontagem feita com laser profissional. Parece complicado. Não é, desde que você tenha um raio laser de pelo menos 1 miliwatt. Focalize o raio numa lente de farol de carro e, na frente da lente, monte uma estrutura para funcionar como tela. Pode ser madeira pintada de branco ou uma cartolina grossa. De acordo com a incidência do laser na lente, uma forma diferente vai aparecer na tela. Escolha a forma que você acredita que se pareça mais com o disco-voador dos seus sonhos e… clic! Outras lentes diferentes de faróis de carro também servem. Lembre-se de que a lente não deve ser plana, caso contrário o reflexo do raio laser não conseguirá formar imagens.

O Ovni-lâmpada

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Esta cena foi montada em laboratório, a partir de duas fotos diferentes. A primeira era a imagem da montanha com a pessoa. A outra, de um quarto com uma lâmpada acesa, no teto. No laboratório, as duas fotos foram sobrepostas na mesma folha de papel fotográfico, durante a revelação. Aí está o resultado. A lâmpada parece um Ovni gigante emitindo uma luz assustadora sobre a pessoa no canto direito da foto. A idéia é ótima. Uma lâmpada pode se transformar em milhares de discos-voadores em diferentes fotos.

Maquetes e fios

Fotos deste tipo são as mais simples de se fazer e as mais difíceis de se desmascarar como fraudes. Monte uma maquete de disco voador o mais parecido possível com um Ovni. O resto é fácil. Basta que você pendure a maquete num fio de náilon bem alto e comece a fotografar. Um dos “caçadores de Ovnis” mais conhecidos, o suíço Eduard Meyer, ganhou uma fortuna com fotos deste tipo, até a polícia descobrir as maquetes escondidas em sua casa.

Acredite se quiser

12% dos americanos acreditam já ter visto discos voadores.

49% acreditam que o governo americano esconde provas da existência de aliens.

48% dos americanos acreditam que os relatos de pessoas que viram Ovnis são verdadeiros

Alienígenas de araque

Cada um acredita no que quer. Veja alguns incidentes envolvendo “ETs” e suas verdadeiras explicações.

A “autópsia” dos extra-terrestres

Em agosto do ano passado, a televisão brasileira divulgou imagens da “autópsia” de dois supostos cadáveres de alienígenas que teriam sido mortos em 1947 no Novo México, EUA, perto da cidade de Roswell. A cena foi apresentada como sendo um trecho de um “filme secreto” do Exército dos EUA. A farsa logo se desmoronou. Para começar, os números mostrados não coincidiam com o código de segurança usado pelos militares. Isto é, eram falsos. Outro detalhe: o modo pelo qual os “legistas” manejavam o bisturi – pareciam mais barbeiros do que médicos operando pacientes.

A mitologia de Roswell

O Caso Roswell é, de longe, o incidente mais famoso entre ufólogos do mundo inteiro. No dia 2 de julho de 1947, um balão, com radar que estava sendo testado para espionar os russos, caiu num rancho próximo à cidade de Roswell, no Novo México. Um assessor do Exército americano, sem saber que os testes do balão estavam sendo feitos naquela região, teve a infeliz idéia de dizer à imprensa que os destroços faziam parte de uma nave alienígena. Estava formada a confusão. O assessor foi desmentido pela cúpula militar, que veiculou uma nova informação: o suposto disco voador era, na verdade, um balão meteorológico. O governo americano demorou quase meio século para admitir que os destroços faziam parte de um projeto secreto de espionagem chamado Magul. Pouco adiantou. O caso continua a alimentar uma bizarra mitologia, na qual se misturam rumores, especulações, fantasia, paranóia e fraudes. O balão-espião acabou por transformar-se em uma nave extra-terrestre avariada. Seus tripulantes, alienígenas anõezinhos com cabeças enormes, teriam supostamente morrido.

Brincadeira de terráqueos

Em 1991, estranhas marcas em plantações de trigo no sul da Inglaterra deram origem a uma enxurrada de especulações. Ufólogos gastaram calhamaços de papel em busca de decifrar os desenhos, que só podiam, segundo a crença geral, ser mensagens deixadas pelos ETs. Tudo bobagem. No final daquele ano, dois velhinhos foram à televisão mostrar que eram eles que faziam as marcas. Era uma técnica simples: círculos milimétricos feitos com duas tábuas amarradas a uma corda. Eles só queriam se divertir.

A cascata dos deuses-astronautas

Nas asas dos extraterrestres, um escritor suíço produziu um dos maiores best-sellers de todos os tempos.

Comparado ao hoteleiro suíço Erich von Däniken, Paulo Coelho é aprendiz de feiticeiro. Só mesmo a magia – ou um colossal senso de oportunidade – pode explicar o momento especialmente propício escolhido por Von Däniken para publicar, em 1968, seu livro Eram os Deuses Astronautas?. Naquele ano, a Nasa estava preparando a missão da Apolo 8 que iria circundar a Lua. Em dezembro, milhões de pessoas viram na televisão uma esfera azul: era a Terra contemplada a partir do espaço. Os olhos do mundo ainda estavam voltados para o céu quando o imaginoso escritor anunciou que os alienígenas vinham visitando a Terra havia milhões de anos. Mais: apresentou “provas”. Segundo ele, as Pirâmides do Egito, as marcas de Nazca nos Andes peruanos, os moais da Ilha de Páscoa e várias outras maravilhas do planeta eram, na realidade, obras dos visitantes espaciais – dos quais, aliás, seríamos descendentes, pois Von Däniken descobriu que a espécie humana surgiu do cruzamento, na pré-história, entre os ETs do sexo masculino e as fêmeas de um certo tipo de primatas. Personagens bíblicas, como Noé e Moisés, também seriam astronautas, é claro.

Por incrível que pareça, muita gente levou a sério as “revelações” de Von Däniken. Muita gente, mesmo! O escritor ficou bilionário. Em 1975, já havia escrito mais dois livros e vendido 31 milhões de exemplares no mundo inteiro. Com o tempo, os deuses-astronautas foram saindo de moda. Uma a uma, as hipóteses de Däniken foram refutadas pela cruel e chata realidade. Uma coluna de ferro em Nova Déli, supostamente à prova de corrosão, que ele afirmava ser um presente dos extraterrestres, acabou enferrujando. Arqueólogos mostraram que as Pirâmides poderiam ser construídas em vinte anos com 4 000 homens trabalhando com a tecnologia da época dos faraós. Testes semelhantes dirimiram as dúvidas sobre as estátuas de Páscoa e as marcas de Nazca. Os desenhos sobre pedra em Palenque, no México, supostamente representando um astronauta dentro de uma nave espacial, voltaram a ser o que sempre foram: um sacerdote maia, com um gorro de lã na cabeça.

Que capacete, que nada!

10 perguntas para se fazer aos ETs

Se você ou alguém que você conhece estiver mantendo contato com ETs, lembre-se, no próximo encontro, de fazer ou sugerir as seguintes perguntas:

1 – Qual é a cura do câncer?

2 – Como desapareceram os dinossauros?

3 – É possível viajar no tempo?

4 – Qual é a idade do Universo?

5 – Posso tirar uma foto da sua nave e publicá-la na SUPER?

6 – O Cosmo se expandirá para sempre ou irá encolher?

7 – Qual foi a origem da vida na Terra?

8 – Como é possível ultrapassar a velocidade da luz?

9 – Qual é a fórmula do combustível da sua nave?

10 – Você poderia me dar algum objeto como lembrança?

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