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Mercado Pago prevê que celular tomará lugar de maquininha de cartão

Especialistas preveem que alto custo das transações com maquininhas deve reduzir utilização do equipamento no comércio

Por Fabiana Futema 14 out 2018, 13h42

O mercado de maquininhas de cartão de crédito nunca foi tão concorrido. Na esteira do sucesso do PagSeguro, que revolucionou o setor ao vender equipamentos sem cobrança de aluguel, dezenas de empresas decidiram entrar neste segmento. O Mercado Pago, empresa de serviços financeiros do Mercado Livre, foi uma delas. Mesmo reconhecendo a importância desse mercado, a companhia acredita que as maquininhas cairão em desuso da mesma forma que o cheque e o boleto de papel.

“O que venho falando é que em 2018 o lojista não precisa mais de uma maquininha de cartão. Já temos tecnologia suficiente para fazer uma transação de pagamento com segurança, com rapidez, de forma barata e sem maquinha”, afirma Tulio Oliveira, diretor do Mercado Pago.

Para o executivo, os smartphones tendem a substituir as maquininhas, como já ocorre na China. Lá, uma das formas mais populares de pagamento é a tecnologia QR Code, recém-incorporada pelo aplicativo do Mercado Pago. “A estrutura de cartões do Brasil é muito restritiva. Cerca de 50% da população não tem conta em banco. Entre a metade que tem, parte não tem cartão de crédito. Enquanto o celular, todo mundo tem, por isso o poder de utilização dele para pagamento é enorme.”

A aposta de que as maquininhas vão cair em desuso parece conflitante com a situação atual do mercado. Existem cerca de 4 milhões de equipamentos em operação, a maior parte delas operadas por empresas ligadas a grandes bancos, como Cielo (Banco do Brasil e Bradesco), Rede (Itaú) e Getnet (Santander). O número de concorrentes não para de crescer. No mês passado, a rede de atacarejo Assaí, do Grupo Pão de Açúcar, anunciou que entraria no segmento com a maquininha Passaí.

Tulio Oliveira, diretor do Mercado Pago (Ramede Felix/Divulgação)

Para que a mudança prevista por Oliveira aconteça, é preciso haver uma mudança de hábito do consumidor. Só no ano passado, os brasileiros pagaram 1,36 trilhão de reais com cartões – sendo 842,6 bilhões de reais com cartões de crédito e 508 bilhões de reais com débito.

Oliveira diz que a transição não acontecerá da noite para o dia, mas será estimulada pelas vantagens que os novos meios de pagamento oferecerão tanto para o consumidor quanto para o comerciante. Para o varejista, o principal atrativo será a redução de custos com as taxas cobradas hoje pelas empresas de maquininhas por cada valor transacionado.

“O ser humano está acomodado em uma situação que é cara e ineficiente. Se botar quanto custa tudo isso, pois o consumidor paga pelos custos do varejista, ele está pagando de 5% a 10% mais caro por toda a infraestrutura que está montada. Isso pode ser mais barato, rápido e massivo”, afirma o diretor do Mercado Livre.

Segundo ele, a criação do novo hábito de pagamento depende muito da ampliação da rede de aceitação de lojistas. Para atrair o comércio, a empresa está cobrando taxa zero dos pagamentos efetuados com QR Code. Ao mesmo tempo, está investindo em parcerias com shoppings centers (Tamboré), postos de gasolina, estacionamentos e restaurantes. “Os consumidores vão usar com mais frequência à medida que enxergarem facilidade no mundo físico”, afirma Oliveira.

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Varejo x bancos

Para Alexandre Pinto, diretor de inovação e novos negócios da Matera, o varejo foi muito tempo refém dos meios de pagamento dos bancos, donos das empresas de maquinhas. “O valor pago em tarifas de pagamento é muito alto. A nova regulamentação dos meios de pagamento abriu um novo leque e deu ao varejista opções. Alguns perceberam que eles mesmos podem fazer serviços de pagamento.”

De acordo com o especialista, o comércio leva vantagem na hora de oferecer serviços financeiros ao consumidor, pois já conta com uma rede de lojas físicas. “O varejista já tem um relacionamento com o cliente, é uma marca conhecida, tem reputação no mercado. O cliente já está acostumado a pagar conta e recarregar celular no caixa da loja. Fica mais fácil fazer outras transações.”

A Via Varejo, dona da Casas Bahia, fechou uma parceria para oferecer uma carteira de pagamentos aos clientes da rede varejista. Em um primeiro momento, a carteira permitirá a digitalização do boleto para pagamento das prestações do crediário. Mas o objetivo é que no futuro os clientes da Casas Bahia tenham acesso a produtos financeiros, como empréstimos e seguros.

“A gente identificou que o nível de atendimento financeiro desse público é muito baixo. Ele tem demanda, mas não é atendido, ninguém acolhe o cliente de menor renda. Como ele já frequenta as lojas com muita liberdade, fazia sentido unir os dois mundos [varejo e financeiro]”, afirma Marcelo Nogueira, diretor de serviços financeiros da Via Varejo.

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