Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Minha vida sem cosméticos

Por Thaís Zimmer Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 21 jan 2016, 16h00

Nossa repórter ficou duas semanas sem shampoo nem desodorante, sem sabonete nem pasta de dente – usando só cosméticos feitos em casa, com produtos naturais, sem substâncias químicas ou componentes cancerígenos. Veja o que ela descobriu.

Quando recebi a missão de ficar duas semanas sem utilizar nenhum cosmético tradicional, a primeira coisa que fiz foi começar a ler relatos de pessoas que já adotam esse estilo de vida. Entrei em diversos blogs, vi vídeos, e a maioria das opiniões sobre o assunto iam num mesmo sentido: usar cosméticos feitos em casa, a partir de ingredientes naturais, muda a vida.

Elas relatavam melhoras significativas na pele, cabelo, dentes e em outros aspectos. Fiquei empolgada, mas com um pé atrás: se aqueles produtos eram tão bons assim, por que tão poucas pessoas os utilizavam? Para descobrir, fui atrás das receitas e testei eu mesma.

Se você decidir entrar nesse universo, vai acabar percebendo que o que não falta é variedade. Quanto mais eu procurava, mais receitas e polêmicas eu encontrava. Para fazer o shampoo e o condicionador, por exemplo, achei relatos que juravam que o bicarbonato de sódio e o vinagre faziam milagre. E também achei pessoas que falavam que essa combinação altera o pH e abre a cutícula do cabelo. Com o desodorante, a mesma coisa: gente que ama e odeia o leite de magnésia. E assim com vários outros componentes.

SAÚDE

Continua após a publicidade

Como essas são questões que não contam com muitos estudos científicos para dar suporte, é realmente difícil escolher o que é bom ou não. Por isso, entrei em contato com a chef de cosméticos naturais Carolina Cronemberger, que é adepta ao estilo de vida há bastante tempo. Ela me passou algumas receitas usadas aqui no Brasil. A partir daí, fui alterando alguns ingredientes e quantidades, de acordo com as minhas necessidades.

O que mais me assustou e me fez repensar se aceitaria ou não o desafio de duas semanas foi o meu cabelo. Quem tem cabelo cacheado sabe que pode ser um desafio encontrar os produtos certos. Depois de uma longa jornada de alisamentos e relaxamentos, eu finalmente consegui me acertar com os meus cachos há dois anos. O meu maior medo era que os cosméticos naturais estragassem todo esse processo.

Preparei-se para ter que ficar duas semanas de cabelo preso, porque tinha certeza que ele não se adaptaria. Assista ao vídeo abaixo para ver o que aconteceu, mas adianto uma coisa: as crespas e cacheadas escutam com tanta frequência que é difícil cuidar do cabelo delas, que elas acabam se conformando em usar vários (e caros) produtos. E a verdade talvez não seja tão complicada assim.

TESTE: veja como foi o desafio de ficar 15 dias usando cosméticos naturais

Continua após a publicidade

Além dos benefícios para a saúde, percebi que os cosméticos naturais são bem mais baratos e multifuncionais. Em um dia comum, eu usava, no mínimo, 10 produtos industrializados. No mínimo.

No teste, notei que muitos ingredientes são fundamentais, como o bicarbonato de sódio (que pode ser utilizado até para limpar a casa) e o óleo de coco. Esse último é praticamente o elixir da cosmetologia natural: pode ser usado na pele, cabelo, desodorante, pasta de dente, como removedor de maquiagem, para cozinhar, fazer sabonetes e em várias outras ocasiões. Por ser um bactericida e hidratante natural, ele atua muito bem como um produto de beleza.

Como esses produtos naturais surgiram como uma alternativa mais saudável para os tradicionais, conversei com Danielle Palma de Oliveira, farmacêutica e professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto. Entre os componentes que ela cita como mais prejudicias para a saúde, estão os parabenos, presentes em aproximadamente 75% dos cosméticos.

“Os parabenos foram encontrados dentro de tumores cencerosos na mama. Eles imitam um hormônio feminino, o estrogênio, e servem como conservante para diversos produtos”, explica. Na Europa, a substância já foi proibida para crianças de até três anos de idade. Se ela comprovadamente faz mal, por que ainda é utilizada? “Porque é um conservante muito barato. Ainda não se conhece um substituto com menor toxicidade e com o mesmo preço”, explica Danielle.

Continua após a publicidade

Além disso, o triclosan, um antimicrobiano presente em pastas de dente, sabonetes, desodorantes e diversos outros produtos também entra é polêmico. Alguns estudos não conclusivos relacionam o uso desmedido da substância à resistência bacteriana, o que desregula o sistema de defesa do corpo humano. E não são só os humanos que podem sentir os efeitos.

“Quando o triclosan cai no ambiente aquático, ele acaba prejudicando os animais do ecossistema – e eles podem ter problemas de reprodução e até acabar morrendo”, comenta a especialista. Existem evidências que ele também fica acumulado no corpo dos animais aquáticos – quando alguém come um peixe com altas concentrações de triclosan no corpo, por exemplo, a substância passa a ser absorvida também pelo organismo da pessoa. E a absorção por ingestão é bem maior do que pela pele.

Danielle ressalta que outros estudos científicos estão sendo conduzidos para estudar melhor a toxicidade desses produtos e de outros, como o alumínio, que também já foi relacionado ao câncer de mama e está presente principalmente nos desodorantes. Ela é cautelosa quanto às alternativas naturais: “Não é porque é natural que não é tóxico. Muitas plantas presentes na natureza fazem mal para o corpo humano. É melhor lidar com o que conhecemos”, afirma.

Dos produtos testados, pretendo continuar usando diariamente o desodorante. Acredito que, assim como acontece com os cosméticos industrializados, algumas fórmulas funcionam para determinadas pessoas e outras não. É muito fácil se perder no meio de tantas receitas e discussões. Então, se você quiser se inserir nesse meio “natureba”, a minha sugestão é iniciar com ingredientes chaves e menos polêmicos, como o óleo de coco.

Continua após a publicidade

Conversar com um dermatologista também é uma boa ideia: algumas pessoas, por exemplo, têm a pele sensível ao bicarbonato de sódio. Outra sugestão: não caia em tudo que encontrar por aí. Você vai encontrar algumas receitas suspeitas (cuidado redobrado com as que levam limão) e também vai se deparar com algumas informações sem sentido nenhum. Lembre-se: nem todo produto químico é ruim. Boa sorte!

Confira as receitas usadas para o teste

Desodorante

Pasta de dente

Shampoo

Condicionador

Hidratação para o cabelo

Esfoliante/sabonete

Creme sem enxágue

 

 

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.