Conheça ‘Se’, o poema clássico de Rudyard Kipling
Texto, uma reunião de conselhos do Prêmio Nobel de 1907 para seu único filho, John, que morreria no front da Primeira Guerra Mundial, ganhou releitura dedicada a Dilma na Carta ao Leitor de VEJA desta semana
Em 1909, o indo-britânico Rudyard Kipling (1865-1936) já tinha no currículo o Prêmio Nobel de literatura, conquistado dois anos antes, mas nem por isso considerava a sua obra concluída. Pai de uma menina e de um menino, e também de uma garota morta prematuramente dez anos antes, de pneumonia, ele tinha uma prole para criar. E foi para o seu caçula, John, então com apenas 12 anos, que Kipling escreveu naquele ano um poema que entraria para a galeria de seus textos mais célebres, Se, uma reunião de conselhos enfileirados com ternura e sabedoria para o menino, também ele destinado a morrer de forma trágica e prematura. John seria abatido aos 18 anos no front da Primeira Guerra Mundial, sem talvez chegar a ser o homem com que o pai sonhou ao assinar o poema. O texto da Carta ao Leitor de VEJA desta semana faz uma releitura livre do poema, dedicada a Dilma Rousseff, que vive um difícil momento em seu governo e se beneficiaria se desse atenção ao texto de tom paternal.
“Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires, / De sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores. / Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires / Tratar da mesma forma a esses dois impostores”, diz Kipling em uma das passagens mais bonitas de Se, uma sucessão de condições para o crescimento do filho, que culmina nos versos “Tua é a terra com tudo o que existe no mundo / E o que mais – tu serás um homem, ó meu filho!”.
Por ironia da história – ou por sua controversa posição política, a favor da empresa neocolonial europeia na África -, Rudyard Kipling acabou conhecido mais por sua produção para crianças, dentro da qual se destaca a saga de Mogli, o menino lobo. Mas o escritor fez muito mais. Poesia, prosa e jornalismo são alguns dos gêneros explorados por Kipling, que nasceu na Índia, filho de um colonizador britânico, e dividiu sua vida entre o país, a Inglaterra e os Estados Unidos. Leia abaixo a tradução do paulista Guilherme de Almeida para Se:
Por João Villaret
O ator e declamador português lê uma tradução do poema de Rudyard Kipling.
Harvey Keitel
O ator americano faz uma leitura leve do poema, quase como um amigo que fala ao ouvido do outro.
Dennis Hopper
O ator americano leu Se em uma edição do Johnny Cash Show, programa apresentado pelo cantor Johnny Cash na TV.
Joni Mitchell
O poema ganhou uma versão musicada pela cantora americana.
https://youtube.com/watch?v=JWvcwVWCcnY
Michael Caine
O ator empresta o seu sotaque britânico a um poema que é completamente identificado com a Inglaterra e o Reino Unido.
https://youtube.com/watch?v=vEeLh5ItQcY
Federer & Nadal
Sim, até os tenistas rivais Roger Federer e Rafael Nadal já emprestaram as suas vozes ao poema. Não é assim nenhum primor de interpretação, mas vale a pena escutar.